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Workshop discute desafios e prioridades
São José dos Campos-SP, 28 de agosto de 2013
As perspectivas para os próximos anos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) motivaram coordenadores, chefias, pesquisadores, tecnologistas e analistas a se reunir durante um dia inteiro para apresentações e discussões sobre projetos e atividades em curso e outros que podem ser desenvolvidos pelas várias áreas.
O Workshop “Desafios do INPE 2014-2020” foi realizado em 21 de agosto no auditório Fernando de Mendonça (LIT/INPE), em São José dos Campos, como parte das comemorações de aniversário de 52 anos da instituição.
O evento serviu também para promover o intercâmbio entre os servidores, que tiveram a oportunidade de conhecer melhor particularidades de cada uma das áreas do INPE - Laboratório de Integração e Testes (LIT), Centro de Rastreio e Controle (CRC), Centro de Laboratórios Associados (CTE), Coordenação de Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA), Coordenação de Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE), Coordenação de Observação da Terra (OBT), Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) e Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).
O chefe do LIT, Geilson Loureiro, apresentou o projeto de expansão do laboratório, que permitirá a integração e testes de satélites com até seis toneladas e seis metros de altura (satélites geoestacionários meteorológicos ou de telecomunicações, satélites radar, etc). As obras devem iniciar nos próximos meses e a conclusão está prevista para 2018.
Falou ainda sobre atividades já programadas no LIT, como as campanhas dos satélites CBERS-4 e Amazônia-1, e os testes realizados no laboratório por indústrias de variados setores - telecomunicações, médico-hospitalar e odontológica, automobilística e autopeças, eletroeletrônica e eletromecânica, militar e aeroespacial.
Operando 24 horas por dia desde 1993, quando foi lançado o SCD-1, primeiro satélite nacional, o CRC se prepara para o rastreio e controle do CBERS-3, que tem previsão de lançamento para o final deste ano. O CRC é responsável pela operação em órbita dos satélites desenvolvidos pelo INPE, como os SCD-1 e 2, ou em cooperação com instituições estrangeiras, como as da série CBERS.
Por meio de cooperação internacional, o CRC também presta suporte na fase de lançamento de missões espaciais de outros países, como as chinesas Shenzhou-8 e Shenzhou-9, essa tripulada, a missão do satélite franco-indiano Megha-Tropiques, a indiana Chandrayaan-1, uma sonda enviada à Lua, e também na aquisição de dados para a comunidade científica, caso do satélite Corot, destinado ao estudo de exoplanetas.
“Nossa atividade regular é em órbita baixa e o apoio à Chandrayaan-1 mostrou que nosso sistema funciona até a 200 mil quilômetros da Terra”, disse Pawel Rozenfeld, chefe do CRC. “Outra missão desafiadora que devemos participar é o rastreio da indiana Mangalyaan, de exploração à Marte”. Ele também adiantou que o CRC deve receber dados de carga útil da missão Van Allen Probes, realizada pela Nasa para estudos de clima espacial.
Marcos Dias, coordenador do CTE, falou sobre os quatro Laboratórios Associados que formam a área: Computação e Matemática Aplicada (LAC), Plasma (LAP), Sensores e Materiais (LAS) e Combustão e Propulsão (LCP). “Além de desenvolver produtos e processos inovadores para o setor espacial, os Laboratórios têm como objetivo a geração e a disseminação de resultados científicos e tecnológicos inéditos em níveis nacional e internacional e a formação de RH”, explicou.
Segundo o coordenador do CTE, o desenvolvimento de tecnologias críticas, produtos e processos para as missões espaciais e suas aplicações dependem da contínua atualização de infraestrutura para testes de sistemas como propulsores de satélites, por exemplo. Marcos Dias também falou sobre nanotubos de carbono, inovações em cerâmica para controle térmico de satélites, revestimentos para aplicações aeroespaciais, lubrificantes sólidos, entre outros desenvolvimentos tecnológicos no CTE.
A instrumentação para estudos astronômicos foi um dos destaques da CEA, apresentada por seu coordenador Oswaldo Duarte Miranda. O SPARC4, em fase de estudo conceitual, será uma câmera inovadora com quatro bandas espectrais. Ainda há os experimentos ligados à missão Equars (ELISA/Eletrostatic Analysis para estudo da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), IONEX para radio ocultação, entre outros). “Podemos colocar como desafio o Equars em 2018, e o Mirax (instrumento astronômico de raios X) entre 2018 e 2019”.
O coordenador da CEA destacou o radiointerferômetro BDA, desenvolvido totalmente no Brasil e instalado no INPE de Cachoeira Paulista. Único na América do Sul, o BDA é destinado a estudos de física solar, meio interplanetário, astrofísica, cosmologia e clima espacial. Além disso, citou atividades em outras unidades e instalações do INPE, como o detector de muons no Sul (Observatório de São Matinho da Serra-RS).
Amauri Silva Montes, coordenador da ETE, falou sobre as atuais missões – PMM (plataforma multimissão) e satélites CBERS-3 e 4, Amazônia-1, Lattes, Sabia-Mar - e os desafios da Engenharia e Tecnologia Espacial. O desenvolvimento de sistemas inerciais para aplicação aeroespacial (projeto SIA) e de componentes eletrônicos (projeto CITAR - circuitos integrados tolerantes à radiação) foi citado como uma das prioridades, assim como as atividades de P&D. “Investir em processos e metodologias para qualificar componentes eletrônicos para uso espacial”.
“O CBERS-3 deve ser lançado no final de 2013 e devemos realizar modificações para o CBERS-4, para lançamento em 2015”, disse o coordenador da ETE. Segundo ele, embora o problema com os conversores DC-DC tenha sido contornado no CBERS-3, o objetivo é buscar uma solução mais robusta para o próximo satélite. Ressaltou os avanços realizados nos dois satélites, em relação aos primeiros (CBERS-1, 2 e B), como os desenvolvimentos de uma câmera WFI maior e da inovadora MUX. “Pretendemos estabelecer um programa de desenvolvimento de cargas úteis”, disse Amauri Montes, mencionando ainda o desenvolvimento de satélites de pequeno porte.
O aumento das aplicações na área de sensoriamento remoto foi um dos destaques da apresentação de Júlio D’Alge, coordenador da OBT, que mostrou ainda várias tecnologias derivadas da TerraLib, uma ferramenta criada pela equipe de processamento de imagens do INPE para visualização e exploração de dados geográficos. Políticas sociais, agricultura, meio ambiente, saúde, entre outras áreas, têm se beneficiado das tecnologias de geoprocessamento e de modelagem ambiental integrada.
“Nosso Centro de Dados já distribuiu 2.350.873 imagens de satélites”, informou Júlio D’Alge, sobre a oferta gratuita, pela internet, dos dados cada vez mais essenciais para a formulação de políticas públicas em áreas como monitoramento ambiental, desenvolvimento agrícola, planejamento urbano e gerenciamento hídrico. A OBT apresentou ainda atividades realizadas em parceria com os outros centros e unidades do INPE, cursos de extensão e, também, a capacitação nacional e internacional.
José Marengo, chefe do CCST, explicou que o centro reúne, de modo único no Brasil, competências nas áreas de ciências naturais, sociais e modelagem. Destacou o Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (BESM) e o estabelecimento do INPE-EM, sistema para cálculo de emissões criado em parceria com várias áreas do INPE. Marengo falou sobre as várias atividades ligadas à área de Ciência do Sistema Terrestre, como a rede de monitoramento de relâmpagos (BrasilDAT), estudo de dados ambientais para o setor de energia, entre outros serviços.
“O CCST possui ainda responsabilidades estratégicas ligadas ao desenvolvimento da área ambiental do INPE”, disse Marengo, ressaltando que o centro mantém as sedes das secretarias executivas da Rede Clima e do INCT-Mudanças Climáticas, bem como escritórios de programas internacionais como IGBP (International Geosphere–Biosphere Programme)e GLP (Global Land Project). “Um desafio é criar o Observatório Terra, para incentivar o diálogo entre linhas de pesquisa e promover sínteses interdisciplinares dos trabalhos realizados no CCST e outras áreas do INPE e no MCTI”.
Assim como os gestores das outras áreas, o coordenador do CPTEC, Osvaldo Moraes, enfatizou a questão de recursos humanos. “A falta de pessoal é nosso maior problema, o mais crítico”. Apresentando aspectos cruciais para o planejamento de curto, médio e longo prazo, falou sobre as atividades realizadas pela área de previsão de tempo e clima do INPE.
“É necessário investir sempre em P&D para manter o estado da arte dos modelos numéricos para previsão”, disse o coordenador, que ainda elencou como desafios a evolução do modelo global e do modelo regional de alta resolução, atividades de operação, ampliação do prédio, entre outros.
A cada apresentação, o diretor Leonel Perondi ressaltou a necessidade de atender a “cadeia completa” para a inovação. “Da pesquisa básica à pesquisa aplicada, o desenvolvimento tecnológico, visando produtos e serviços que atendam a demandas da sociedade”, concluiu o diretor do INPE, sobre a vocação do instituto para transformar conhecimento em riqueza para o país.
Diretor Leonel Perondi fala sobre projetos apresentados pelas áreas
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